É lamentável mas, tenho que vir registrar que hoje eu fiz meu primeiro protesto. Apenas em busca de alguma justiça em virtude de eu ter sido penalizada por algo absolutamente ridículo onde ainda tentei agir com cautela, com responsabilidade.

Sabe quando a gente sabe que estão querendo abusar da gente e não queremos deixar mas, também não queremos chutar o balde simplesmente porque não precisa?

Sabe quando a gente tenta aliviar, ser educado, minimizar e não sair de qualquer jeito?

Sabe como é aprender a dizer NÃO e não se deixar ser abusado?

Então...

Quem acompanhou um pouco desse blog, pode verificar aqui e aqui que não foi bolinho não. Nem pra exigir o que me era direito, eu tinha como. Pois o tempo passou, juntei o dinheiro que era necessário pra tal e me muni de muita coragem pra chegar no cartório hoje e assinar e preencher toda a papelada que era necessária pra realizar isso. Fui lá e fiz o que tinha que fazer, paguei o que tinha que pagar e risquei da minha lista, uma pendência que se arrastou por 8 dos 12 meses de 2015. Tem algo em mim que me diz que a tal produtora vai acabar me processando mesmo (ao menos, a ameaça veio por email na época). Mas, acho que isso é so o MEDO. E como eu sei que FEAR IS A LIAR, eu não dei ouvidos e segui em frente.

Justiça seja feita e com o tempo, virá.

Quem não deve, não teme. Eu não temo.
Não sou perfeita mas, não estou errada.
E o combinado não sai caro.
E escreveu não leu o pau comeu, hahahah

Grande aprendizado de 2015: sem contrato não dá não.
E quer saber?
Estou com a consciência bem tranquila de ter feito isso.
Agora veremos no que vai dar.
Já veremos.

<3 br="">
Acho que o mais importante que está acontecendo comigo nesse período todo.... é que estou caindo em mim. Como se eu estivesse sendo capaz de observar as coisas com maior senso de realidade, menos expectativas, sem me colocar o tempo todo no lugar do outro. Capaz de analisar e saber bem o que eu sinto. Aceitar e acolher meus sentimentos sem culpa. E agir. Não procrastinar.

2015 é praticamente o terceiro ano do resto da minha vida...
(depois de 2013 e daquele em que eu tinha 20/21).
Houveram várias quebras e reencontros.
Minha turma do vôlei, de 2001/2002, me resgatou.
Me trouxe contato com minhas amigas de colégio e me fez perceber o quanto aquele período todo me traz saudades e lágrimas. Muitas emoções à flor da pele. Lembranças daquele período de criança/adolescente descobrindo o mundo....
Me trouxe a possibilidade de partilhar numa rede social, o meu #primeiroassedio com coragem e transparência e também me mostrar com os cabelos despenteados em black power. Tipo real me.

Em 2015 deixei inúmeras ilusões e aceitei incontáveis realidades.
As coisas como são.
Eu, como sou.
Vc como vc é.
Sem expectativa.
Sem criação de história.
Sem tentar adivinhar o que vc pensa.
Simplesmente deixando.
Total live and let live.

Esse é o maior aprendizado que tive.
Essa é a minha passagem por aqui.

Eu, que tenho me tornado cada vez mais praticante da minha espiritualidade, curiosamente, venho aqui falar sobre quebra de ilusão e busca de realidade. Acho que conhecer a verdadeira natureza das coisas sobrenaturais, sobre a alma, sobre a mediunidade, está me trazendo um pouco dessa lucidez. Sim, lucidez.

Aceitar e cuidar da minha loucura, para mim, é meu primeiro sintoma de lucidez.

Esses reencontros todos aliados às quebras e rompimentos... me fazem avaliar melhor esse GAP que estou vivendo e descrevendo nos últimos posts. Avalio de forma positiva, não canso de dizer.

Queria dizer que me sinto estranha mas, não posso.
Tá maneiro.
Tá maneiro.

São muitos aprendizados paralelos que invadem minha vida e eu sei que estou preparando terreno pra algo muito bacana que está pra acontecer.

Hohohoh
Hope so.
Here it comes.

A foto vem daqui.
Acabo de viver uma situação chata.
Devia ser por volta de 22h45 da noite.

Chego no prédio e na portaria um casal brigando.
Ela encostada na parede de fora do prédio pedindo pra ele largá-la e o rapaz forçando a barra, segurando-a pelo braço. Tinha ali um outro rapaz, provavelmente um amigo dele,
Entro e digo pro porteiro: "Vc ta vendo a garota?"
Ele diz que não.
Olhamos na câmera e eles estão próximos mas, num ponto cego.

Isso me cheirou mal.

Resolvi sair e fazer alguma coisa.
Passei por eles direto como se estivesse saindo de novo, em direção ao mercado: todo o comeércio fechado. Do outro lado vejo um outro garoto parado e 5... CINCO(!) operários trabalhando numa drenagem no prédio ao lado. Todo mundo "trabalhando" mas, de forma a poderem observar e comentar sobre o garoto segurando a garota na parede.

Cara...
Passei e voltei.

Vi o porteiro da nossa garagem sair e parar TAMBÉM para olhar.
Ele estava  claramente atento e incomodado mas ficou na dele.

Fazendo a soma, eu passei por 7 caras que estavam ali, olhando a discussão.
Contando com o amiguinho que estava do outro lado perto deles eram 8 homens.
OITO.
Se ninguém tinha feito nada até ali, ninguém mais ia fazer.
Iam esperar algo mais grave, possivelmente, mas, eu não consegui.

Cheguei até eles e pedi pro menino soltar a menina q estava pedindo pra ir embora.
E ele me disse:
"Ela é minha namorada."
Eu disse:
"Isso não a faz sua propriedade. Ela tá pedindo pra vc deixar ela ir. largá-la. Vc pode fazer isso?

Ele então me disse que ela havia dado motivo, que ele precisava resolver uma coisa com ela e de repente começou a dizer: "vc não vai me deixar ver a nossa filha?"
Nessa hora eu pensei e tive certeza de que ele estava mentindo.

O outro amigo que estava na portaria do meu prédio se aproxima, toca no meu ombro e me diz:
"Fica fria que ela deu motivo."

Eu digo (por fora fria e com tom ingênuo mas, por dentro com as ventas soprando fogo...":
"Moço,  olha, não importa o motivo, ele não pode segurá-la contra a vontade. Melhor deixar ela ir. Vcs resolvem isso em outro lugar e em outra hora."

Vi q nessa hora o terceiro amigo, q tava mais longe, vinha vindo e eu falei:
"Isso resolve rápido, a gente chama a Polícia."

Peguei o telefone e liguei.
A discussão foi ficando mais intensa porque o cara entrou num dilema mesmo. De que tinha que soltá-la porque eu estava ligando pra polícia (e estava mesmo). Ele acabou soltando ela (que claramente ganhou força quando eu disse que ia ligar pra polícia e tentou se desvencilhar do rapaz.
Nessa hora o rapaz relutou mas soltou a menina, que pegou a mochila dela e saiu correndo.

Eu, a essa altura estava com uma policial na linha, dando o endereço do lugar e quando a menina correu, os três vieram pra cima de mim, que fui pra portaria do prédio, pra onde o porteiro pudesse me ver. O rapaz que estava segurando a garota, veio mais incisivo me mandando olhar ele nos olhos pra eu ver que ele tinha razão. Ele me segurou pelo braço e disse:
"Vc, por um acaso, me viu eu encostar um dedo nela?"
Eu interrompi a chamada e disse:
"Não vi. Mas vc acabou de enconstar cinco em mim."
Ele me largou e foi discutir com os amigos.

Terminei a ligação pra Polícia.
Os caras ficaram ali me falando coisas q eu não conseguia ouvir e eu pedi pra entrarno prédio.
Enquando isso, eles se dispersaram, cada um foi pra um canto.

Em 5 minutos, a polícia veio, me receberam com uma arma gigante.
Dei o meu relato e subi pra casa.

Foi foda
Mas fiquei de consciência limpa.
8 homens e todos " esperando dar merda", "o cara fazer alguma coisa" conforme me disse o porteiro da garagem.

E eu perguntei a ele, se ele não tinha percebido que, pra ela, já estava dando merda, o cara já estava fazendo alguma coisa quando colocou 2 amigos entre eles, possivelmente pra segurar a garota caso ela fugisse dele. e que ela não tinha força física pra se defender do cara.

O que mais ele queria?

Da minha parte, poderia ter entrado em casa e ter ficado "debouas".
Mas, vendo aquela situação incômoda, achei melhor não me calar.
Nem pretendo ficar calada nenhuma vez mais.
Pode até ser que encontrar formas de agir sem me expor, seja uma alternativa mas, ali naquela situação, era inevitável. Fiz ali naquela hora o que precisava ser feito.

E nada mais tenho a dizer.

Resolvi tirar férias do Facebook.
Nada de chilique ou crise.
Simplesmente me cansei.

Nesse lance que rolou outro dia de eu, de repente, no meio do turbilhão, parar para simplesmente fazer o que precisa ser feito... eu resolvi assumir pra mim mesma que estou procrastinando a vida.
Caramba.
De workaholic compulsiva, eu me tornei uma procrastinadora profissional.
Não posso negar, preciso assumir isso.
E, hoje ainda, li um artigo sensacional sobre isso.

Meio aconselhamento e tal mas, muito certeiro (longo, mas, certeiro).

Então, começando pelo começo: as férias que resolvi tirar.
A semana da sexta-feira 13 veio pós demissão de saco-cheio da chefe pseudo-fofa e num momento onde o apocalipse parecia mesmo que estava happening NOW: com direito a desastre-crime ambiental em Minas Gerais, mais e mais aprovações de leis bizarras no Congresso Nacional e um atentado em Paris que mobilizou o Brasil (ou pelo menos parte dele) e que mostrou o quanto realmente tem uma grande parcela da sociedade de olhos vendados pro resto de tudo: estão olhando mas, não vêem. ou estão olhando tão ao horizonte que não enxergam o que lhes carcome ao lado. Uma espécie de letargia que não sei....

Não vou discorrer sobre nenhum desses temas no momento. Todos me tocam sensivelmente e principalmente, pela complexidade que as teias que os geram serem tão complexas e indecifráveis/indescritíveis -- e mesmo assim eu posso sentí-las completamente (total papo de maluco mas que vou fazer, já acostumei a ser eu) --, que eu prefiro mesmo deixar de lado. Até porque não foi só isso.

Eu preciso pensar em como ganhar dinheiro, pagar o aluguel, alimentar meus periquitos aqui.
Não posso pestanejar.
Preciso pensar em estratégias para reduzir meus custos.
Preciso cuidar de mim, que ando largada, largada....
Não dá pra olhar muito pra indignação alheia.
E na boa?
Facebook ultimamente é só isso.
Depósito de indignação.

E hoje a manifestação deve ser por mim mesma.
A mobilização é pela minha vida e pela minha sanidade.
Hoje eu tenho os meus afazeres e preciso acertar o meu presente, olhar pra mim e só isso.
Qualquer coisa além está além e sem sentido.

E no final das contas, me encontro cansada.
Cansada numa hora que não é pra cansar.
Então, pára e respira. Toca se perdoar.
Observando melhor, é só que eu cansei de muita coisa.
Cansei de muita coisa que me cansa e o que preciso fazer é renovar.
Preciso é ficar dentro da casca um pouco.

Parar pra ouvir o que é realmente importante.
Parar para agir e parar de procrastinar.
Não procrastinar.
Trabalhar, resolver, quitar, pagar, ligar, mandar email, executar, processar, documentar, escrever.

Por uma vida presente com mais verbos no infinitivo do que no gerundio, sabe como é?
Assim plantarei uma vida de mais particípios.

Amei essa tese aliás. Vou postar no facebook, hahahahaha
SQN.

Estou precisando de ação efetiva e não de ação contínua e longínqua.
Resolução.

Então fellows.
Vacations.
Férias de Face.
Férias de Insta.
Férias de Twitter.
Me ache na Whatsapp e no Gmail.
E aqui  no Blog pra quem estiver a fim.

Só isso.
Seguimos ocupados.
Depois escrevo mais sobre a procrastinação (hahaha)

Dá uma tese de doutorado.

Quarta, me sentia desolada, louca.
Quinta, tive insights. Os olhos se abriram.
Sexta... O susto do brilho intenso de ter os olhos abertos passou e eu pude ver com clareza.
Mesmo em meio a uma implacável TPM, como sempre, senti o toque. O toque, simplesmente.
E tudo se acalmou.
Se acalmou em mim mesma.
O toque era meu.
De mais ninguém.


E hoje, hoje foi sexta feira 13.
Hoje foi sexta feira 13 e nem percebi.

Mesmo com uma leve indisposição, que melhorou durante o dia, eu trabalhei tranquila, levei e busquei meus filhos na escola. Pude ir ao supermercado e comprar o que estava faltando em paz. Assinei contratos, fui aos correios, gerei os relatórios que precisavam ser gerados e fiz a ponte de comunicação com meus companheiros de trabalho, da forma como tinha que ser.

O dia ainda não acabou mas, seguramente logo mais irei descansar e nesse final de semana, prometo que encontro brecha pra um banho de mar lá na Vermelha.

Sabe...
Olho ao redor e tem muita coisa que precisa ser melhorada, que precisa ser dita, que precisa ser debatida, discutida e até polemizada.
Olho ao redor e vejo que tem muito descaso que precisa ser combatido, injustiças a serem denunciadas, atitudes pra serem melhoradas.
Olho e vejo que, cada vez mais, a melhor resposta à inveja, à mesquinhez, à insanidade disfarçada de atitude cool, ainda deve ser...
o AMOR...
o AMOR e a DISTÂNCIA...
O AMOR-PRÓPRIO e a DISTÂNCIA SEGURAdas coisas, pessoas e situações que ME fazem mal.

2015 está caminhando derradeiro e apesar de ver tanto retrocesso na esfera macro brasileira, foi um dos anos que mais me trouxeram aprendizados (na esfera micro-individual) práticos. Inúmeras demonstrações firmes e seguras de que sou (somos, ao menos nós 3) seres cuidados e guardados.

E a certeza de que não adianta se debater...
De que tem hora que é melhor simplesmente flutuar, deixar o corpo ir, flotar...
E simplesmente respirar e observar o que está sobre e ao redor de nós mesmo...
Atentamente.... simplesmente, nada fazer a não ser fazer o que precisa ser feito.

E assim, vamos.
Carpe Diem.
Foco.
Eu.

ps: a foto é minha e fui eu que tirei.

O coração aperta, quase se espreme pra sair suquinho de sentimento.
A barriga dói mas, não é dor que machuca, é dor de cócegas, adrenalina, nervoso.
Tem um tanto de lágrimas que querem sair ao mesmo tempo
Porque o cérebro insiste  em gritar que não tem lógica
Esse acontecimento.

Eu tô tentando racionalizar o que sinto.
Eu tô buscando formas.
Respostas na literatura.
Espelhamentos com caminhos já percorridos.
Estou buscando em tudo quanto é parte algo que me faça não querer viver mais nada disso.



O melhor que consegui até agora foi a prática do carpe diem.
E manter a confiança de que viver o agora é o melhor caminho.
Que a vida é tal qual confete jogado pra cima, ou tal qual pecinhas de búzios que se embaralham no ar.
Mas, que quando se dispõem, quando finalmente caem...
Mostram o desenho que fizeram e a gente dá a interpretação que cabe.

Uma hora dessa as coisas se encaixam.
E então, olhando pra trás, vou entender por quê.
:-)
Eu tive um grande insight hoje.
Há alguns dias, relatei aqui sobre um encontro que me fez sentir borboletas no estômago.
Isso já tem algumas semanas e apesar da distância, a sensação continua a mesma.
Mesmo assim... eu tomei uma decisão difícil, que é ficar sozinha.
Sozinha por um tempo.
Sozinha assim mesmo.
Como vcs estão compreendendo.

Vou compartilhar algo bem íntimo.
Desde que me separei, houve um período de aproximadamente 5 primeiros meses, onde eu vivi os estágios e o choque e recuperação da fossa que foi me separar. 9 anos dividindo a vida 24h mais a própria vida e interesses, com alguém. Foi um passo largo para me recuperar.
Ó-b-vio que não foram só 5 meses mas, esse tempo foi o que levou até alguém ter a coragem de furar o cerco e se aproximar. Depois do gelo quebrado, aconteceram várias coisas... Arrisco a dizer que acho que nunca voltei a ficar sem ninguém por um tempo significativo.

E, de alguma forma, desde dezembro passado eu senti esse chamado. Pra ficar só.
E assim foram muitos meses... Como eremita. Maaaasss..... sempre me relacionando com alguém, ainda que fosse alguém conhecido, numa grande relação de vai e vem, separa e volta....

Depois dessa história das borboletas... onde me sinto muito "tocada" porque é algo que estava adormecido, me veio esse insight. No post em questão (aqui, de novo) eu escrevo que "(...) Me fez ver também, a superficialidade de algumas relações que tenho estabelecido e mais importante... em como eu continuo, por vezes, me submetendo a situações que não são necessárias, que são imaturas..."

E hoje veio o insight pra tudo isso.
Eu estava buscando afeto em um lugar onde não havia.
Eu estava buscando afeto em relações onde não havia carinho para mim.
Eu estava, basicamente, fazendo tudo errado.
Já dizia aquele velho meme: "onde não houver amor, não te demores" e eu, mesmo sabendo, não podia agir de acordo. Então, aconteceu isso. Borboletas que vem, pra me sinalizar e me ajudar a ver...

Eu, nesse momento, preciso que me tratem com carinho.
Que me digam palavras doces.
Que me chamem de bombom.
Que me sorriam e me digam que estou com o cabelo bonito e com a pele macia.
Que me ajudem a ver o bonito que eu tenho em mim.
Porque ao mesmo tempo eu enxergo essas coisas e as reconheço e as sinto.
Que eu tenho essa doçura pra devolver,
Que eu tenho palavras amáveis pra dizer
Que eu tenho atitudes de apoio, conforto e incentivo pra trocar.
Que eu tenho condições de estar próximo de alguém que reconhece suas próprias potencialidades e esforços e que esteja confortável em ser quem é, mesmo que esteja sozinho.

E eu simplesmente estava procurando no lugar errado.
Todo esse tempo.

Contraditoriamente, minha decisão é a de ficar só um tempo.
Quanto tempo eu não sei.
Mas, dessa vez vou levar a sério.
Porque me sinto pronta pra seguir pra outro estágio das coisas.
Eu não domino nada do que vem, não controlo nada.
Só me sinto confortável pra uma mudança e um estabelecimento novo dessas coisas e simplesmente acho que é hora de parar de lutar contra e deixar fluir.
Dessa vez vou levar a sério.

Não quero deixar certas paradas se repetirem, eu não preciso delas.
E é hora de me libertar.

Eu preciso de afeto.
E o afeto já está aqui...
Hoje postei uma foto minha no facebook com um mega black power.
A gente chama de back power mas com alguns amigos muito intimos, chamamos de "fazer gal" com o cabelo. Tipo passar a escova e desconstruir todos os cachos, deixar ele crespão e armado mesmo.

Fiz isso um dia pra mostrar pra uma outra amiga a quantidade de cabelo que carrego nessa cabeça. Pra mostrar a ela, que quer deixar de fazer química no cabelo, que ter os cachos é uma parada de trabalho diário... Uns minutinhos ganhos ali em nome da imagem que considero que combina comigo. Há anos que meus cachos me acompanham.

Bem, e eu postei no facebook.
Senti o estômago embrulhar.
Senti isso porque sabia que ia me expor.
Ombros nus, eu estava nua quando fiz a foto.
Meu trabalho, as pessoas que me conhecem me veriam descabelada.
hahaha
Exposta.

E enfim, coloquei lá.
E ainda não me acostumei à imagem.
Afinal, aquela, por um lado não sou eu.
Ao mesmo tempo sou eu na mais pura essência.

Mas, está lá e a essa hora, 12 horas depois, mais de 300 curtidas, 100 comentários, 2 compartilhamentos e eu senti na pele o que é quase ser uma estrela, hahahah. O ego vai bem  obrigada.

O estranho é olhar a foto e ainda não acreditar nela.
Eu estou bem, eu acho.
Ouvi críticas, claro.
Ouvi opiniões contrárias.
Ouvi elogios acompanhados de críticas.
Ouvi muito mais apoios incondicionais.
Muita vibração.
Algumas pessoas que realmente se sentiram tocadas pela mensagem, que a consideraram poderosa.
Alguns homens que me procuraram inbox pra elogiar.

E o estranho é olhar a foto e ainda não acreditar nela.

Olhar pra imagem que eu estou construindo de mim mesma no facebook e ainda ter dúvidas de quem é essa mulher. Essa mulher sou eu? Se sim, porque ainda me sinto tão fragilizada em certos aspectos?
Se sim, se sou essa linda e poderosa porque estou sozinha?

Esse ano de 2015 tem sido um ano extremamente poderoso.
EXTREMAMENTE PODEROSO.
Eu não acabo de pensar e de refletir nisso.
EXTREMAMENTE PODEROSO esse ano de 2015.

E assim vamos.
Pelo empoderamento.
Pela reconstrução da auto imagem e da auto estima.
<3 p="">

E eis que aconteceu....
Mas,  nào sei se vale contar do começo, acho que só a parte que interessa é que interessa mesmo. E foi meio assim... Ele me chamou pra sair pra uma balada na Lapa mas, havia uma fila enorme e isso foi bom porque a gente queria conversar e isso estava claro. Uma vontade grande de saber um do outro. Balada com música alta pra que?

Fomos tomar um vinho, comer algo e charlar, charlar, charlar. E aquela conversa, que ia e vinha pra todos os lados acabou fluindo pro que tinha que fluir.

Eu não me dava conta mas, tava prestes a sentir algo que fazia muito tempo que eu não me permitia sentir.... Eu nem sei que nome dar ao sentimento, fellows. Mas, nesses 2 anos e meio de mulher separada, mãe solteira e profissional independente, a grande verdade é que as relações que tenho tido são cheias de poréns, de muita espera e de muita distância física e até mesmo emocional.

Além disso, desde que decidi assumir sozinha as coisas de casa, trabalho e filhotes, sem ajudante e só contando com uma pequena rede de apoio... fazia tempo que eu não me divertia. Os horários não me permitem muitas festas, nem sempre estou realmente disponível. Algumas pessoas tentaram furar o cerco mas, não foi possível. E, estranhamente, naquele dia, algo foi diferente. Porque eu estava ali inteira e conectada. Sem preocupações e muito interessada. E o mais gostoso é que parecia ser absolutamente recíproco.

Por um lado, parecia um caminho já trilhado: lapa, argentina... mas, por outro, me parecia a chance de uma verdadeira releitura cultural e sei lá mais do quê. Afinal, apesar da sensação do mesmo, ali tudo era diferente. EU ME SINTO DIFERENTE. E assim foi...
.
Mas hoje eu passei o dia chorando.
.
Contraditório, não?

É só que o pensamento que passava aqui na minha cabeça é que eu não queria, na verdade, sentir o que eu estou sentindo. As minhas certezas, padrões, a rotina, as ordem das coisas.... Flertei com o medo, que queria me fazer apegar a alguém que logo iria embora. Flertei com a insegurança de um relacionamento à distância mais uma vez. Flertei inclusive com a possibilidade de um relacionamento tranquilo e saudável onde eu me sinta livre e respeitada por ser quem eu sou. Certinha e maluquinha como sou.
.
.
Mas, o melhor dos flertes foi com um sentimento que eu não experimentava há muito tempo e que, pra mim, no fundo no fundo (e na superfície também) é tão gostoso sentir...

Butterflies in my stomach...

Fui picada pelo mosquito da paixonite.
hahahahahahahaha

Eu rio.
Porque dá medo mas, dá felicidade.

Ok, eu acho que (talvez) eu ainda não esteja pronta, está muito instável tudo ao redor, algumas coisas finalmente se estabilizando mas, instável.... E ainda vou inventar pra cabeça? Mas, gente... eu sei e como EU SEI que a gente não domina certas coisas.

E eu tinha praticamente esquecido o que é sentir isso que estou sentindo.
Não sei se dura hoje, três dias, duas semanas ou a vida inteira mas, o fato é que é gostoso se sentir assim e ter a reciprocidade de que o outro lado também quer que vc se sinta feliz.

Conhecê-lo me fez pensar em paciência, em tolerância e em continuar fazendo as coisas carpe diem como tenho feito. Me fez ver também, a superficialidade de algumas relações que tenho estabelecido e mais importante... em como eu continuo, por vezes, me submetendo a situações que não são necessárias, que são imaturas...

Enfim... hoje foi um dia intenso.
Eu estou feliz pelo caminho que se abre.
Espero que eu possa abraçar de peito aberto o futuro que se abre pra mim.
Independentemente do que venha a partir desse encontro.



Olha tem dias que nem sei.
É tanta ginástica, tanta coisa que preciso fazer, tanto estica e puxa pra ver se as coisas cabem.... tanto lidar com a sorte, tanto fazer um pouquinho e esperar um poucão.... vivendo o momento, etc e tal... é tanto disso (e às vezes só isso) que, tem hora que nem sei se dou conta.

Ou até quando dou conta.
Tem sido assim nos últimos meses, desde que eu consegui perceber que não tinha outra saída. Estamos indo, na corda bamba. Apesar da vida difícil, eu já tinha me acostumado a algum conforto.

Enfim... não tô reclamando, não.

Mas, tinha mesmo me acostumado a não me preocupar tanto em arriscar pois afinal, tinha alguma estabilidade garantida. E recomeçar sempre foi um ponto de partida pra mim. :-) Mas, agora (e ainda não sei bem porquê), acho que preciso ser mais cuidadosa, pensar mais, não arriscar tanto ou estar menos disposta a jogar tudo para o alto. E isso, me traz insegurança. Como? A insegurança de não ter a possibilidade de fazer as coisas que eu escolher, que eu tiver  E eu não curto a palavra nem o sentimento de insegurança... porque inevitável: onde há insegurança, há erro/cagada, rsrsrs.

Em geral, consigo focar e realizar as coisas estando integralmente presente nos momentos em que as realizo. Tô pensando em vários desses momentos, agora. Quando tenho lazer com os meninos e vamos à praia ou tomar sorvete, estou lá inteira. Quando estou em algum momento romântico com uma pessoa especial, estou lá inteira também. Quando estou na auto-escola (farei prova na sextaaaaaa), estou lá também: eu até desligo o celular nessas horas :-)

Dá pra ver que, se eu tive questões quanto a curtir o momento (e esse blog é registro factual disso), hoje em dia já não tenho mais.

Agora... essa loucura de decidir as coisas o tempo todo em cima da hora...
E estar sempre meio que pela metade em tudo qualquer canto.
Isso é que me irrita um pouco.
Até porque se contradiz com a filosofia do Carpe Diem, que eu gosto tanto :-)

Eu sei que isso não acontece o tempo todo. Só tem dias que acontece mais, hahaha

................nessas épocas, me divido o tempo todo: em casa eu trabalho e cuido dos meninos. no trabalho, estou sempre trabalhando e às vezes tocando coisas pessoais - tipo contas a pagar, documentos ou processos - ou lidando com dois jobs ao mesmo tempo... Na rua, sempre me preocupando com o trabalho que tem que ser feito ou planejando alguma questão da semana. Até mesmo o lazer que tenho... nunca é porque estou realmente livre... o lazer tem sempre um caráter de DEIXAR D FAZER ALGO para descansar, para poder continuar e não surtar.

................nessas épocas, sou clone virtual de mim mesma, hahaha e como clones virtuais não existem, eu me canso muito. Enfim, hoje escrevi aqui como forma de desabafo. Eu tenho exatamente 25 nós pra desatar de hoje pra amanhã e preciso ver quais vão primeiro. Vim tentar aliviar um pouco aqui... desanuviar. Desanuviar pra não surtar.

Não surtar, eis o foco.
(imagem pinterest veio daqui)
Hoje é daqueles dias que me sinto extremamente sozinha.
Seja porque não tem dinheiro pra questões básicas da vida.
Seja porque quero um companheiro para estar dividindo a parte alegre das coisas (e o que tenho agora um ser humano que só pode estar com 3 pessoas de cada vez - ou seja, prefere estar sozinho.)
Seja porque sei que sou eu que faço muitas dessas opções.
Seja porque queria sair pra dançar e não tem...

Seja porque eu sei lá porque...

Affe, já passou a solidão.
As duas últimas semanas foram de correria louca e insana.
Eu praticamente não consegui fazer nada além de dar conta das demandas diárias.
A sensação mais curiosa é que sinto que não deixei de fazer nada do que eu tinha que fazer.
E ainda tive alguns bons momentos de diversão e troca com amigas e amigos.

Depois de um período bem trevas, de outubro a março desse ano ou seja, praticamente seis meses, eu posso dizer que estou conseguindo visualizar luzes ao fim do túnel. Agosto vai ser o mês da virada.
Acho que vem um periodo meio chato ainda, nem tudo é perfeito mas, sinto que as coisas vão pro lugar.

Ainda me sinto estranha com a possibilidade de ter de contratar alguem pra trabalhar em casa.
Agora que me vi capaz de estar com os meninos, limpar, trabalhar, etc e tal, parece que a rotina me condicionou apenas a isso. Voltar a ter uma pessoa ajudando e ter tempo livre pra mim, no fundo, é algo que me assusta.

Mas, também me assusta o que meu corpo está se transformando por conta do sedentarismo e da falta que a produção de endorfina faz no meu corpo. Vou levando as coisas como num ritmo de, um dia de cada vez. Acho que o caminho é mais por aí. Então, essa parte do corpo e do peso, gente... eu vou me perdoar só por hoje (e amanhã, só por hoje também) até que eu possa focar energias nisso.

Por hora, tenho que tentar fazer essa transição, pagando as contas e tentando contruir algo concreto para mim e para os meninos. Buscar um trabalho consistente, buscar um reconhecimento, investir na minha formação e em retirar pendências da minha vida. Daí pra frente, quem sabe novos caminhos se abram e as coisas fluam melhor.

Sobre relacionamentos, eu já sei que o que é meu está guardado então, a questão é passar pela vida da forma mais leve possível. Exercitar o "não-medo" exatamente como foi um periodo ali atrás.

Carpe diem.
All the time.
Eu não gosto quando meu alter ego polemiza na web.
Mas eu, Miss Liquid, não tenho um perfil ativo no facebook, ou no twitter... AINDA, hahaha.
Então, a minha alter, às vezes acorda inspirada e sai postando coisas por aí, polemizando....
Polemizando? Não... ok, a bichinha sai opinando mesmo. Saindo do armário e expondo sua opinião.

Então, o último episódio é sobre a linda Maju.
A tal moça do tempo que estreou no jornal nacional e acabou sendo massacrada de todos os lados: de mensagens racistas (feitas por fakes) a mensagens de amor, passando por mensagens de apoio porém racistas igual..... enfim...

Daí que em meio aos debates, entram as reflexões:

1. Mesmo se a Maju fosse feia, isso não justificaria racismo. Mesmo se ela fosse burra, não justificaria racismo. Se ela fosse o que ela fosse, NADA justifica racismo em 2015 e as pessoas precisam compreender e aceitar isso uma hora ou outra. É uma realidade.

2. Posso compreender e aceitar que, para muitos, seja difícil não ser racista, visto que nascemos e somos criados numa sociedade que FORMA pessoas para serem racistas. Onde as pessoas estudam e lêem pouco e onde a REPRESENTATIVIDADE ainda é colocada de forma confusa e também racista e machista muitas e muitas vezes. Onde as pessoas são calcadas no racismo entranhado na educação, na cultura, na arte...

3. Posso compreender (mas, não aceito) o fato de que as pessoas rejeitem e se incomodem tanto com o lance do "politicamente correto" ou com a falta de liberdade de fazerem piadas ou de falarem qualquer coisa sem soar racista ou machista ou trans/homo/gordo-fóbico.... até porque, pelo exposto no segundo ponto, praticamente tudo na nossa sociedade nos leva a ter condutas assim em algum momento.

É difícil aceitar mas, aos poucos as pessoas (algumas, rsrsrs) vão se dando conta.
Falo de negros que acordam pra realidade.
Falo de brancos que precisam assumir suas posições privilegiadas em vários aspectos.
E para ambos, sejam ricos ou pobres, não importa...

Me lembraram do episódio onde o Neymar se declarou como "não negro" após o evento e polêmicas ocorrido com o colega dele (de mesmo tom de pele) com a banana.

É triste para ele mesmo, Neymar Jr, porque esse rapaz não pode sequer se auto-afirmar como branco.
Então, se ele não é um e não é outro, o que ele é, não é?
Miscigenação. Bonita palavra que na prática não é tão bonita assim.
Roubaram a identidade dele também.

E isso envolve ainda a questão de "leitura" do outro, que muita gente faz e tantas outras vezes a gente sequer percebe.

Eu mesma, que depois de anos (quando a ficha caiu e me assumi negra... eu era meio neymar de pensamento antes, sabe... e pasmem, me assumi negra hehehe), fui entender quantos episódios de racismo tive na vida... escrachados ou não. A vida só seguiu mais fácil a partir de então....

E o que mais ouço entre os brancos (em geral estarrecidos ou assustados ou sei lá o que com as minhas conclusões) é: mas, vc não é negra porque nem tem a pele tão escura... "vc é morena"... ou "vc é mulata"....

hehehe eu rio mas, não é engraçado.
quando compreendemos a questão mais a fundo, vemos o quão racista são as construções que temos... racistas podem ser, inclusive, os esforços de não parecermos racistas... é complexo... e serve para outro post.
Eu detestava ter o meu cabelo.
Ele ia sempre preso. 
Isso porque se ficasse solto, falavam "pixaim" ou me chamavam de Elba Ramalho ou Gal ("o cabelo dela fica igual ao da Elba né?" seguido de um sorriso amarelo)... Enfim, sempre tinha alguém pra falar alguma coisa. E na verdade, até antes de EUZINHA me incomodar com MEU cabelo, alguém se incomodava por mim. A hora de "desembarassar" era um pesadelo. Terminava o banho e lá vinha minha mãe com a escova, o pente e o Neutrox ou o Yamasterol. 

Esperança mesmo só quando enrolava o bobs ou fazia uma touca no cabelo (que dormia atochado de creme e dentro de um lenço enrolado na cabeça) e o cabelo amanhecia com volume menor e mais domável. Mas, no meio do dia já tava "armado" de novo...

Eu tinha uma tia, a Zélia, uma mulher negra retinta, sambista (que só hoje entendo o significado disso) e que vivia querendo fazer uns penteados "diferentes" no meu cabelo. Sabe... umas tranças, uns coques... e eu chorava, raramente deixava… aquilo me dava vergonha... normalmente, eu não deixava não. Pensava em mim, chegando na escola e chamando a atenção. Queria só paz e que ninguém ficasse comentando nada sobre o meu cabelo ruim.

O que eu queria mesmo ter o cabelo da Jéssica minha vizinha, que era liso e escorrido até a cintura e os meninos gostavam dela. Eu tava sempre brincando, não ligava muito para isso mas... no fundo, aquilo me incomodava, me dava inveja. Por que eles gostavam dela? Por que eu não chamava a atenção assim? Eu concluía então que era porque ela era linda e eu era feia. Porque o cabelo liso dela era lindo e o meu, era feio. Eu chegava ao cúmulo de comparar o meu ao de outras meninas negras e dar graças a Deus que não era tão "duro" quanto o delas. 

Acredito que foi assim que essa auto-imagem começou a ser (des)(cons)truída.

Por que meu cabelo era ruim? 
Porque provavelmente eu era ruim também.

Eu não sabia nada de genética, mas na minha cabecinha de criança comecei a perceber que de uma cabeça como a minha só brotava algo ruim.

Demorei anos e muitos anos ainda para entender ser possível ser bonita com meus cachos, com os meus cabelos do jeito que eram. Infelizmente, essa foi uma descoberta solitária. Não, infelizmente, não tenho uma família de gente esclarecida e empoderada não... na minha família rola um machismo insano, brotam uns reaças por lá, racistas (negros, pardos e brancos) muitas e muitas vezes. Óbvio que tem o pessoal de bem, são todos trabalhadores já que são toooodos classe média baixa. Não culpo ninguém não, ok? Mas, tenho certeza de que o meio influencia a forma de nos vermos e encararmos o mundo. INFLUENCIA, mas ainda bem, não DETERMINA. 

Chegar ao ponto de ter consciência disso é algo que eu atribuo somente a mim e a mais ninguém. 

Enfim, não dei a sorte grande de estar rodeada dessas referências pra frentex, isso era anos 80 (comeco dos 90), cresci nesse período de Brasil saindo da ditadura militar e, na minha casa, a gente contava os dias pro momento em que poderíamos alisar o cabelo com alisabel. E, sim, é um fato que alisaram o meu cabelo por uns 4 anos... Não sem antes, claro, cortarem as nossas longas madeixas encaracoladas a praticamente zero..... De Gal a Sinead O'Connor. Aos 11 anos. Assim que cresceram, tascaram Alisabel. O mal do cabelo ruim não poderia reinar, hahahaha. E foram semanas e semanas alisando e enrolando bobs, queimando a cabeça naqueles secadores de cabelo de astronauta em salões cheios de tias brancas conservadoras que aplaudiam a tortura adolescente.

Talvez ali se consolidasse a destruição da minha auto-imagem: quando me fizeram acreditar que deixar o cabelo liso, me tornaria mais branca, mais imperceptível na sociedade racista, mais aceitável pelos colegas do sexo oposto... me modificar daquela forma me tornaria algo que eu não era, mas que era tragável pela sociedade...

Eu pedi para parar quando um centímetro de cabelo da parte da frente se dissolveu, fiquei careca naquele parte da cabeça e foi horrível o período de crescimento.

Aos 16 é que tive meu primeiro insight de que poderia deixar meu cabelo ser quem ele era. 
Foi um período difícil até tudo crescer e eu tirar as pontas alisadas. 
E só aí, eu me olhava no espelho melhor. 
Podia tomar chuva sem pensar que morreria por perder a escova e o alisamento!!!

Quando entrei para faculdade, a única crítica que recebia era por entuchar os cabelos de creme de pentear. Naquela época, lançaram um produto chamado Seda Hidraloe que veio para salvar a minha vida. Muito melhor que o Yamasterol, a meu ver. Mas demorei tempos e tempos para perceber que meu cabelo caia muito com aquele creme.

Os amigos gays me ajudaram muito, me incentivando a usar os cachos soltos, mas eu continuava entuchando Hidraloe e pensando que diminuir o volume era a solução. Mas, tava lá, resistente, usando cachinhos da forma que era possível usar. Uma grande amiga me chama de Cachinhos, como apelido, até hoje.

O importante é que nunca mais usei química no cabelo. Nem pintura, sabe?
E o mais importante é que há bastante tempo, desapeguei de vez dessa coisa de tentar agradar com o cabelo. E o primordial é me sentir tão à vontade de orgulhosa de ter as madeixas que tenho e dedicar uma parte do meu dia e da minha semana a cuidar deles, fazendo um cronograma capilar. Hidratando, umectando, restaurando, nutrindo... 

Meus filhos nasceram de cabelo liso. 
Eles não passarão pelo que eu passei ou passo. Por serem homens e por terem os cabelos lisos.

Mas, para todos os que estão ao meu redor a minha palavra é de empoderamento, de encorajamento.

Cuidem dos seus cabelos, das suas identidades, dos seus corações e dos seus cérebros. Vivemos num país miscigenado onde há espaço para todos ainda que para isso seja necessário lutar, resistir. Mantenham suas características, valorizem-se. Estejam, sejam, batam o pé, não esmoreçam.

Eu agradeço demais a quem tá do meu lado nisso, às amigas e amigos que ainda abrem os meus olhos recém-acordados e que me empoderam para ser autêntica, sempre. E digo, apesar de ser difícil apagar as marcas das experiências… com o tempo vou percebendo ser isso que nos faz úteis nessa vida: servir de exemplo, espalhar o exemplo, observar e empoderar...

As imagens vieram daqui e daqui 







Acredite ou não, para mim já foi tão difícil dizer isso de mim mesma. 
Foram muitos anos para re-trabalhar a minha mente e o meu olhar de forma a fazê-los enxergar por cima das (im)pressões sociais, morais e culturais impostas e encravadas na minha educação, crença e personalidade.
*
Foi preciso muita intervenção humana, muita intervenção divina, muitas (não)coincidências e provas dos 9 que foram tiradas quase que diariamente para me provar científica e matemática e dialeticamente que eu sou BONITA.
*

E aqui estou. Graças a Deus. 
Graças a uma nova lente que me permite ver as coisas de forma branda e positiva. 
Graças a uma retomada de consciência que me permite acreditar nisso. 
*
Acredite você ou não.
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