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Eu não gosto quando meu alter ego polemiza na web.
Mas eu, Miss Liquid, não tenho um perfil ativo no facebook, ou no twitter... AINDA, hahaha.
Então, a minha alter, às vezes acorda inspirada e sai postando coisas por aí, polemizando....
Polemizando? Não... ok, a bichinha sai opinando mesmo. Saindo do armário e expondo sua opinião.

Então, o último episódio é sobre a linda Maju.
A tal moça do tempo que estreou no jornal nacional e acabou sendo massacrada de todos os lados: de mensagens racistas (feitas por fakes) a mensagens de amor, passando por mensagens de apoio porém racistas igual..... enfim...

Daí que em meio aos debates, entram as reflexões:

1. Mesmo se a Maju fosse feia, isso não justificaria racismo. Mesmo se ela fosse burra, não justificaria racismo. Se ela fosse o que ela fosse, NADA justifica racismo em 2015 e as pessoas precisam compreender e aceitar isso uma hora ou outra. É uma realidade.

2. Posso compreender e aceitar que, para muitos, seja difícil não ser racista, visto que nascemos e somos criados numa sociedade que FORMA pessoas para serem racistas. Onde as pessoas estudam e lêem pouco e onde a REPRESENTATIVIDADE ainda é colocada de forma confusa e também racista e machista muitas e muitas vezes. Onde as pessoas são calcadas no racismo entranhado na educação, na cultura, na arte...

3. Posso compreender (mas, não aceito) o fato de que as pessoas rejeitem e se incomodem tanto com o lance do "politicamente correto" ou com a falta de liberdade de fazerem piadas ou de falarem qualquer coisa sem soar racista ou machista ou trans/homo/gordo-fóbico.... até porque, pelo exposto no segundo ponto, praticamente tudo na nossa sociedade nos leva a ter condutas assim em algum momento.

É difícil aceitar mas, aos poucos as pessoas (algumas, rsrsrs) vão se dando conta.
Falo de negros que acordam pra realidade.
Falo de brancos que precisam assumir suas posições privilegiadas em vários aspectos.
E para ambos, sejam ricos ou pobres, não importa...

Me lembraram do episódio onde o Neymar se declarou como "não negro" após o evento e polêmicas ocorrido com o colega dele (de mesmo tom de pele) com a banana.

É triste para ele mesmo, Neymar Jr, porque esse rapaz não pode sequer se auto-afirmar como branco.
Então, se ele não é um e não é outro, o que ele é, não é?
Miscigenação. Bonita palavra que na prática não é tão bonita assim.
Roubaram a identidade dele também.

E isso envolve ainda a questão de "leitura" do outro, que muita gente faz e tantas outras vezes a gente sequer percebe.

Eu mesma, que depois de anos (quando a ficha caiu e me assumi negra... eu era meio neymar de pensamento antes, sabe... e pasmem, me assumi negra hehehe), fui entender quantos episódios de racismo tive na vida... escrachados ou não. A vida só seguiu mais fácil a partir de então....

E o que mais ouço entre os brancos (em geral estarrecidos ou assustados ou sei lá o que com as minhas conclusões) é: mas, vc não é negra porque nem tem a pele tão escura... "vc é morena"... ou "vc é mulata"....

hehehe eu rio mas, não é engraçado.
quando compreendemos a questão mais a fundo, vemos o quão racista são as construções que temos... racistas podem ser, inclusive, os esforços de não parecermos racistas... é complexo... e serve para outro post.

eu sempre fui avessa às militâncias em algumas frentes por conta da minha falta de paciência para determinados embates, posicionamentos extremistas, posicionamentos vitimistas e ainda mais... porque inevitávelmente a militância acaba perdendo seu carater de luta para se tornar uma questão de embate político dentro do próprio movimento de militância. nessa hora, todos perdem.

falo isso sem medo de especificar o tema do qual falo porque acho que isso vale como um todo, para todos os movimentos. fato é que me dá preguiça.

mas, sabe...
depois que entrei nessa de descobrir que sou negra, já velha (parece absurdo mas...) e ir em busca de mais contato com as minhas raízes... o próprio contato com a capoeira e com as tradições orais africanas... não sei. mil questões e leituras entraram em pauta na minha já corrida rotina. questões de gênero, de raça... questões de posicionamento político, de moral e bons costumes, rsrs sabe como é?

E num geral, ter conhecimentos sobre isso me trouxe duas reflexões:

1. fica mais fácil lidar com as dificuldades diárias quando vc abre possibilidade para a origem das próprias dificuldades. às vezes, não é vc. ponto. às vezes é o sistema, é o macro que influencia (positiva ou negativamente) nas escolhas que vc faz. saber disso é bom: ajuda a aliviar a culpa (vivemos numa geração/cultura em que a culpa é primordial como sentimento de base) e ajuda também a encontrar alternativas mais eficazes para obter o que se quer.

2. como realmente as coisas ficam mais difíceis quando se está numa posição de marginalização. ultrapassar a linha do "vc é dono do seu nariz", "faça vc mesmo, "lute pelos seus sonhos", "você é o que você come" e coisas do gênero... caramba, é um esforço tremendo o de ignorar suas origens e sua realidade ao redor e virar o jogo numa sociedade onde tudo conspira e se esforça para que vc não seja diferente e simplesmente "se torne uma estatística".

Então, hoje, eu ainda acredito que não tenho paciência para embates políticos, ainda vivo um pouco à margem com um certo receio em me expor à discussões f'rívolas e inúteis mas....

MAS

Acredito piamente que a militância é necessária.
Por que, para mudar algo, é necessário um QUÊ de radicalismo e força... até uma certa brutalidade.
Afinal de contas, hoje a gente vive o racismo, o machismo, o elitismo já estabelecidos e enraizados de tal forma em nossa educação e cultura que sequer o percebemos... Mas, não foi de graça que as coisas ficaram assim... Foi necessário forçar a barra, foi na base de muita violência e desrespeito e mais que tudo, foi necessário muito TEMPO para que isso acontecesse.

No caso do Brasil, uns 400 anos de escravidão expressa, um verdadeiro holocausto em torno da população indígena que vivia do seu jeito por aqui... foi necessária muita aculturação, calar muitas revoluções, revoltas e até expressões religiosas e artísticas durante muito e muito tempo... sem contar na cultura machista e arrogante que veio dar lugar a tudo isso, durante a nossa colonização... enfim...

Hoje em dia, ler a respeito do feminismo e das questões relacionadas ao negro brasileiro (e americano, em geral) tem feito bem pra mim. A culpa pela impotência de realizar algumas coisas, alguns sonhos inclusive, diminuiu bastante e a compreensão de certas reações, relações e etc se fez muito mais ampla.

Eu pretendo falar disso um pouco mais aqui durante essa nova fase do blog.
Vamos vendo como as coisas se desenrolam.


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