caramba, está lá!
estava relendo os posts antigos e me deparo com um post de 23 de novembro onde, eu confesso que estava pensando num irmãozinho pra Kyrá. desde que engravidei de novo, fiquei tão em crise por mil histórias... mas, eu já sabia que no fundo, era o que passava na minha cabeça. e, eu tenho aquela certeza de que é sempre bom estar atento ao que se deseja pois o universo conspira pra que isso aconteça. além da gente entrar em sintonia com o desejo...

eu entrei e vejam só... termino 2010 como uma mulher de 31 anos (juro que eu ia escrever "senhora de 31 anos" pois é assim que me sinto), mãe de dois meninos lindos, Lucas e Kyrá.............ai ai viu.
caramba... parece que anos se passaram.
passei 2010 pensando e repensando em como remodelaria o blog. se mudaria para o wordpress e largaria tudo. flertei com as novas redes sociais, imaginando se finalmente os 140 caracteres do twitter me bastariam. mas, nem o agito social do facebook me consolam. tenho muito mais a dizer. tem muito mais a ser dito e refletido.

demorei em escrever também porque nao queria que fosse uma volta esporádica.
nao adianta passar um tempao escrevendo um post como esse, refletindo sobre o nao escrever e sobre a ausencia virtual e hipocritamente nao voltar mais depois. demorei porque nao queria reatar um compromisso que largaria.

demorei também porque tive duvidas em dar continuidade a falar sobre mim nesse blog aqui.
verdade.
a pessoa que escreveu aqui todo esse tempo já nao existe mais.
nao morreu mas, nao mais existe. e ponto.

digamos que 2010 foi um ano sabático para Miss Liquid, para Keilota, para esta real fucking life que me foi reservada. e se me perguntarem porque nao fui... vou apenas dizer que "porque não, oras".
Passo mais uma noite quase em claro pensando no que fazer da minha vida e tentando perceber o que está ao alcance dos meus olhos que eu não consigo ver.

Mais uma noite acabo de discutir com Camilo e tenho mais esse motivo pra não conseguir fechar os olhos. ele só quer falar de sexo comigo. 

E hj esta doente. 

Acabo de dar um paracetamol 750 pra ele mas, aqui no quarto com os dois bbs, ele fala alto e tosse e assoa o nariz. 

Ok. 

Sou ma chata mas me irritaria menos se não fosse assim quase todas as noites. 
Além disso ele deita e fica resmungando igualzinho a meu padrasto, o Carlos, fazia com minha mãe.
Será que sou tão parecida com ela assim? 
Parecida, ao ponto de ter tido comigo uma pessoa como meu padrasto ao lado e não ter percebido?

Na verdade, acho q não. 
Mas a verdade TAMBÉM é que tenho medo de não fazer o que precisa ser feito e cometer os mesmos erros que ela. 

Continuar junto pelos filhos? 
Brigas? 
Perder o controle? 
Trabalhar demais?

ou ainda...

Bancar a casa sozinha e me afundar em dívidas? 
Educar os meninos à distancia?

 Enfiar a cara num poste e quase me matar so pra ter um homem ao lado? Ah sim estou confusa sim muta coisa aconteceu nqa minha vida com meu corpo e minha mente ness pequeno espaco de tempo. Eu brotei duas vezes.  Amo tres homens ao mesmo tempo. Perdi o emprego. Quase ficando sem casa. Tenho pavor ao sexo e nao sei mais quem sou. Ou ate melhor... Sei sim. Sou mae do kyra sou mae do lucas. Nothng else. Nothng else? Porra cade eu keila?
to tao chochinha hoje.
um dia meio sem esperança. até parei pra escrever no blog.
simplesmente porque não sei pra onde virar e explodir um pouco. sim, porque tinha que ser uma explosão bem lenta, devagar, aos poucos... uma idéia estranha pra explosão, que por definição, não é nada disso... ao contrário... sim, é exatamente o contrário. mas, pra mim, a explosão tinha que ser lenta. pra eu poder sentir que tudo que me está enchendo está realmente saindo de mim, e indo. se esva-indo. pra fora, calma e lentamente...

a verdade é que estou puta.
puta da vida de verdade. tem tanta coisa importante a meu redor e eu estou presa em coisas que não são importantes pra mim.rodeada de pessoas que não olham pra mim. cercada por uma cidade que não liga se estamos tentando seguir, ir ou ficar.

e estou com uma barriguinha crescendo, bebê sendo gerado. múltiplos sentimentos acontecendo e tudo isso ao mesmo tempo. essa gravidez sim me está levando pra um caminho sem volta que ainda não sei qual vai ser. só tenho a esperança e a vontade de que ela nos guie por caminhos bons e gostosos. algo mais tem que ser gostoso nessa vida além do prazer de ver meus filhos...


é... não estou legal. precisava de alguém. conversar com alguém. sentar com alguém e revisitar boas ideias e as boas risadas. mas, assim vamos... estou procurando...
sim, eu sou uma otária.
otária que trabalha 12 horas num unico dia porque acredita que assim vai adiantar e fazer um bom trabalho. a mesma otária que resolve lavar a louça depois disso e ainda atura o marido de bigode dizer pra ela que ela é uma otária. otária por não querer colocar o filho dela numa água de banho que ela julga estar quente demais. então, lá vai a otária. escrever umas linhas porque não tem mais com quem falar. porque falar, para ela, é ser prolixa e não dá pra ser isso e otária ao mesmo tempo.
que passo aqui para escrever um pouco e acabar com o jejum de quase dois meses sem escrever nenhuma palavra... cara de pau né? tanto pra contar, tanto pra escrever e estou com tudo aqui guardado dentro, fazendo-me mal por não botar pra fora de nenhuma, nenhuma maneira. os blogs minhas testemunhas textuais da vida não têm escutado nada a não ser silêncio e minha indiferença pois estou presa nessa rotina filha da puta que não me permite ter nenhum prazer, nenhum momento de relaxamento.
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melhor repensar tudo isso mas, vou parando porque agora não dá mais para escrever.
to passando uns dias tão difíceis...
minha irmã veio de sampa pra passar uns dias aqui e, acho eu, tentar abrir um pouco a cabeça, abrir os olhos, estudar possibilidades... bem isso é o que acho eu nessa minha incorrigível mania de querer consertar a vida das pessoas. e acaba que sim, sou eu quem está tendo uns dias tão difíceis...

agora mesmo entrei no meu orkut. tinha, sei lá, uns tres meses que não entrava. depois que me acostumei com o tal do facebook parece que o outro deixou de ser novidade e ficou largadão, esquecido mesmo. e, acontece que lá tinha um monte de fotinhos do Kyrá logo depois que nasceu. uma com nós dois.

é... aqueles dias também foram difíceis, hehehe mas, foram dias lindos (como os de hoje também são). é tão inexplicável explicar os sentimentos que passam em mim agora que olho aquelas fotinhos... quando olho seus olhinhos de nenê... é uma mistura de amor e medo, certeza e dúvida, vontade de ir e vontade de parar o tempo só pra continuar vivendo esses momentos de tanto prazer e amor.

aquele bebezinho fofo está se tornando meu menininho e daqui a pouco meu homenzinho e daqui a mais um pouco... pous... a vida levou e lá está ele se virando sozinho... ainda bem que amor é isso e a gente vai aprendendo com o tempo, com os acontecimentos, bem devagarinho (porque, tudo, sim, é um processo)...

agora eu estou vivendo aqui esse momento difícil. um momento de dúvida. eu, pessoa sensível, "altamente enganável" tenho que ficar ligada e planejar um plano pra um futuro muito próximo. como é que vou fazer?
é um momento difícel mas, não insuperável e como sempre, como tantas coisas contadas e não contadas nesse blog, eu vou superar.

i'm sure of it. yes i am.
Agora há pouco, assistindo TV Futura, vi um programete onde o Paulo José declamava alguns poemas. Sua forma de falar me atraiu pra um texto, fiquei presa nele. Falava sobre o amor e como o amor ia consumindo ("comendo") toda a existência de um suposto indivíduo, ali, sorrateiramente interpretado por ele.

Me prendeu o texto e a visualizaçao que eu fazia de tudo aquilo. Por mais que seja belo e lindo e gostoso, a verdade é que o amor consome a gente sim, nos vai levando e engolindo aos poucos conforme passa a vida....

Eu com o laptop na mão, rapidamente me joguei no google e logo encontrei o texto lá. Escrito assim, parece muito maior do que o que via na TV. Sim, a TV enfia conteúdo de maneira muito mais rápida na cabeça da gente. E o jeito do Paulo José foi tão envolvente e convincente que não me deixou ver o tempo passar.

Mas, aqui está o texto.

João Cabral de Melo Neto
Os Três Mal-Amados

Joaquim:

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


As falas do personagem Joaquim foram extraídas da poesia "Os Três Mal-Amados", constante do livro "João Cabral de Melo Neto - Obras Completas", Editora Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1994, pág.59.
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